sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Balanço no Dragão

Após o final da primeira volta, no início de um novo ano e com o mercado de transferências quase a encerrar, parece-me uma altura interessante para fazer um ponto de situação do que se passou até agora e especular um pouco sobre o que está para vir.

Temos um campeonato que, devido a um arranque fortíssimo e a uma consistência qualitativa elevada - aliada a níveis de concentração e motivação constantes -, parece encaminhado para um desfecho risonho para os lados do Dragão! É certo que ainda há 14 jogos pela frente, o que deixa 42 pontos em disputa e fazem uma vantagem de 8 pontos parecer pouco segura. Contudo, pelo que temos visto até aqui, a equipa tem apresentado uma base segura e consistente, que permite acreditar na manutenção (acredito mesmo no aumento) desta distância até final da Liga. Um nome surge claramente acima de todos os restantes: Hulk! "O Incrível" joga, faz jogar, prende dois ou três adversários, marca e assiste como nunca se viu! O mérito é colectivo, claro está. A equipa técnica e a forma como Villas-Boas vê o jogo são fundamentais, claro! Mas o que fica são os números e as jogadas deste craque que por vezes parece mesmo saído de outro planeta!

Já que se fala de jogadores, o plantel oferece, até ver, garantias suficientes. Um guarda-redes seguro, confiante, a quem a braçadeira deu estabilidade emocional que parece ter faltado em épocas anteriores. Beto, quase de regresso após lesão, dá garantias para uma qualquer emergência ou para competições secundárias.
Na defesa, Sapunaru apresenta uma regularidade e níveis exibicionais elevados (para o que dele conhecíamos). Melhor do que Fucile, tem desempenhado bem a função e tem-se afirmado como o principal dono do lugar. Aliás, Fucile será provavelmente a opção válida para o lado esquerdo da defesa nos jogos "a doer" que aí vêm, enquanto não recupera Álvaro Pereira, uma das principais figuras da equipa até ao momento e dono indiscutível da posição. Ao centro, Rolando é inquestionável e Otamendi parece ser o parceiro mais seguro para o português. Maicon começou bem mas, com o tempo, a imaturidade que levou a alguns erros desnecessários (o mais crasso em Alvalade, que lhe valeu o banho mais cedo) tê-lo-à tornado na terceira opção para o eixo defensivo. No sector recuado estão talvez as 3 figuras que, no meu entender, não têm qualidade para uma equipa desta envergadura. Kieszek, Sereno (estes dois com culpas directas na única derrota da época) e Emídio Rafael (voluntarioso, mas pouco mais do que isso) são, pessoalmente, os três jogadores "a mais" neste plantel.
O meio-campo parece bem e recomenda-se! Tem sido o motor das exibições de gala, com Moutinho como "balança", a manter a equipa sempre estável nas transições e com uma inteligência notável na recuperação e distribuição da bola. Fernando, algo intermitente após a lesão, tem agora um concorrente de peso: Guarin. O colombiano parece começar a mostrar todo o talento que os adeptos esperavam ver desde a sua chegada ao Clube e, quer na posição mais recuada do meio-campo, quer em terrenos mais adiantados, aparece agora a um nível elevado e a ameaçar a titularidade. A força e empenho que empresta ao jogo, um posicionamento mais inteligente e um pontapé fortíssimo quase fazem esquecer as dificuldades que a sua precipitação no passe muitas vezes obriga a equipa a passar. Falta falar, claro está, naquele que tem sido o artista dos toques e passes geniais desta equipa, o argentino Belluschi. O nosso 7 mantém um nível elevado nas exibições desde o princípio da época. Joga mais próximo do trio da frente, tem mais liberdade e o posicionamento de Moutinho deixa-o bem à-vontade para brilhar e desgastar-se menos em tarefas defensivas e de recuperação de bola. Uma estrelinha brilha menos... Ruben Micael, o madeirense, não evidencia este ano a qualidade do ano passado. Perdido numa equipa que vale pelo colectivo, Ruben parece demorar a encaixar neste novo modelo e a mostrar a capacidade de último passe que o notabilizou. Não tem estado mal, mas esperava-se mais. O brasileiro Souza é outro dos jogadores que Guarin parece ocultar e remeter para um papel ainda mais secundário. As lesões também não têm ajudado o jovem brasileiro. 
Na frente, nada de novo e provavelmente o sector que menos merece comentários. Um Falcao igual a si próprio, a marcar e a lutar como poucos (as lesões não têm deixado marcar mais). Varela não encanta como antes, mas parece mais eficaz a marcar e mais enquadrado na equipa (menos bem no um para um, compensa no oportunismo com que surge na área para finalizar). Hulk, para completar o trio mais utilizado, a ser fundamental e com a média de um golo por jogo no campeonato, a brilhar e a aguçar o apetite dos grandes da Europa. Christian mais intermitente, sem brilhar, mas com a combatividade e utilidade de sempre. James a despontar, a tornar-se útil para defesas mais fechadas, com o talento a despontar e a prometer bastante aos adeptos... Varela que se cuide! Walter, ainda em adaptação, promete pelo instinto de golo, pelo poder de choque e pela capacidade para segurar a bola. Diferente de Falcao, mas igualmente uma alternativa útil para a equipa. Mariano parece correr por fora, até porque é diferente dos demais. Os adeptos saúdam o seu regresso, pelo empenho e dedicação e, pessoalmente, acredito que poderá ser útil para fazer o quarto homem de meio campo, mantendo o 4-3-3.

Uma palavra para Ukra e Castro, filhos do Dragão, que esperamos ter connosco no fim de época para festejar o título e a quem desejamos, claro está, que joguem com maior frequência e evoluam para voltar a Casa.

Para terminar, expectativas para a época: recuperar o título que tem sido Nosso por direito e ser Campeão Nacional é prioritário! Simples e inquestionável. A Liga Europa, um objectivo assumido desde o princípio da época. Passando este Sevilha, bem diferente do que o Braga eliminou - com a condicionante de não termos Álvaro Pereira disponível -, acredito sinceramente que podemos ganhar a competição. A Taça de Portugal é interessante, pois já estamos nas meias-finais e, seja contra quem for, estamos a 3 jogos de ser a primeira equipa na História a vencer a competição três vezes consecutivas. A Taça da Liga, com as condicionantes que a única derrota da época nos impõe, será talvez a menos importante e a mais complicada de vencer. Contudo, é também a que menos ambicionamos.

Para mim, a Liga é fundamental. A Liga Europa, um sonho. A Taça, um objectivo. A Taça da Liga, um mal menor. Acredito que esta é também a visão dos restantes Dragões e, provavelmente, do grupo de trabalho que nos tem deliciado esta temporada.

Só espero que a derrota com o Nacional nos tenha deixado alerta para o facto de qualquer deslize ou falta de concentração, por mínimo que seja, colocar em risco a conquista de qualquer competição! A ver vamos o que o "Mestre André" e os seus artistas nos reservam para 2011!

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